Acabar com as varizes para que não acabem com as pernas

Apesar das sofisticadas técnicas de diagnóstico e dos resultados positivos do tratamento das varizes há ainda mulheres que recorrem a um especialista quando as lesões estão já em fase avançada. Prevenir é a palavra de ordem especialmente quando a hereditariedade dita a forte tendência para o desenvolvimento da doença venosa.

Acabar com as varizes para que não acabem com as pernas MULHERES: O ALVO PREFERIDO DA DOENÇA VENOSA

Varizes atormentam dois milhões de portuguesas

«Cerca de 1/3 da população do mundo ocidental sofre de doença venosa crónica nas suas diversas fases», diz o Dr. Eduardo Serra Brandão, cirurgião vascular e director do Instituto de Recuperação Vascular – IRV, adiantando que «segundo estudos realizados em 2001, em Portugal, dois milhões de mulheres sofrem de varizes».

Um número demasiado elevado, tendo em conta que é possível prevenir e travar o avanço das varizes, caso estas sejam diagnosticadas atempadamente, e caso se inicie desde logo uma terapêutica adequada, no sentido de atrasar o aparecimento da doença.

A hereditariedade, a idade, a obesidade e o clima hormonal são alguns dos factores de risco que fazem das mulheres o alvo preferido das varizes.

«O principal factor de risco é a idade. As varizes vão agravando ao ritmo do envelhecimento, o que não significa que uma pessoa jovem não as possa ter também. A hereditariedade tem também um peso muito elevado, como tal, todas as mulheres que tenham historial familiar de varizes devem ter um cuidado redobrado no que diz respeito a prevenção.

A obesidade, mais frequente nas mulheres, a partir de uma certa idade, é outro aspecto que influencia o desenvolvimento da doença, bem como as condições hormonais» explica Serra Brandão.

Desde a puberdade, à menopausa, as mulheres passam por várias etapas marcadas por autênticas revoluções hormonais. É precisamente nessas fases que ficam mais susceptíveis ao desenvolvimento de varizes. A terapêutica anticoncepcional hormonal é mais um factor relevante. Não só a pílula, como todos os outros métodos hormonais (adesivo transdérmico, anel vaginal, implante) estão contra indicados em mulheres cuja tendência hereditária é por si só bastante pesada ou que tenham sofrido vários episódios de trombose venosa profunda.

A exposição ao calor nas suas diversas formas é também um factor de risco apontado pelo cirurgião vascular: «Especialmente nas mulheres que fazem depilação com cera quente, ou que gostam de apanhar banhos de sol durante longas horas.»

Ainda segundo Serra Brandão, «a gravidez é o período de maior risco. Se não aparecerem na primeira gestação, as varizes poderão aparecer na segunda, sempre com tendência para agravar nas gravidezes seguintes».

Quanto ao consumo de álcool ou de tabaco, parece não haver uma influência no desenvolvimento da doença venosa. A não ser, como esclarece o especialista, «em estádios mais avançados da doença, em que já se verificam grandes alterações cutâneas na perna e em que há falta de oxigenação. Se for fumador, o doente compromete ainda mais esta falta de oxigenação. O sangue que chega à perna tem menos oxigénio do que o de um não fumador».

Prevenir, pela saúde das pernas

As varizes são veias dilatadas com volume aumentado, tornando-se tortuosas e alongadas com o decorrer do tempo. No seu percurso pelo corpo, o sangue é transportado para as extremidades através das artérias, mas cabe às veias a função de levar o sangue de volta ao coração, impulsionado, principalmente, pelos músculos. Dentro das veias existem pequenas válvulas que impedem o retorno venoso para as extremidades. Quando essas válvulas não se fecham adequadamente, o refluxo é inevitável. É, então, que a quantidade de sangue dentro das veias começa a aumentar, obrigando-as a uma dilatação.

Dor cansaço, sensação de peso nas pernas, edema, cãibras e dormência são os primeiros sintomas que, por vezes, só surgem muito tempo depois da doença venosa já estar estabelecida. Estes sintomas são mais acentuados ao final do dia, ou em dias de temperaturas elevadas.

«Para prevenir a doença venosa, é fundamental começar por eliminar os factores de risco, ou pelo menos minimizá-los. Obviamente não se pode deixar de ter fi-lhos por causa das varizes, mas deve haver um cuidado especial nessa fase», recomenda o especialista.

A primeira etapa para a prevenção consiste em detectar a hereditariedade, isto é, saber se na família há tendência para o desenvolvimento deste problema. Se houver, os cuidados devem ser reforçados. A segunda etapa será fazer um exame de diagnóstico para saber se tem ou não doença venosa, ou se já há presença de sintomas.

«Se houver dor, cansaço, peso, inchaço, então é porque já tem a doença», alerta Serra Brandão, continuando:

«Neste caso deverá procurar um médico, de preferência especialista, para fazer um determinado número de exames e que aconselhe quais a medidas profiláticas.»

Entre estas medidas pode estar a prática de exercício físico como marcha, bicicleta, natação ou hidroginástica.

«Depois, consoante os sintomas e o desenvolvimento da doença, é evidente que deve iniciar a medicação com fármacos que actuam sobre a elasticidade da veia e na microcirculação, na mesma situação recomenda-se ainda uso de meias elásticas», sugere Serra Brandão.


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